Estamos aqui hoje para
afirmar a vontade de uma impreterível mudança, que requer o empenho e a
dedicação de todos os elementos do Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade
de Direito de Lisboa (NEAFDL). Nestes tempos árduos e, concomitantemente,
desafiantes em que vivemos, não nos podemos esquecer, em circunstância alguma, daqueles
que mais carecem da nossa preciosa atenção e ajuda, os estudantes. São eles a
razão última do nosso compromisso cívico-associativo, que abraçamos desde a
primeira hora.
Aqui nos têm também para
continuar a celebrar a magnífica e rica história do NEAFDL, onde, com avanços e
recuos, temos tentado levá-lo a bom porto.
Sem vós a nossa presença
aqui, hoje, à frente desta nobre instituição, a que podemos chamar orgulhosamente
de casa, seria desprovida de qualquer tipo de sentido. Razão pela qual convocamo-vos,
sem excepção, os professores, os funcionários e os estudantes, para um novo
caminho de dinamismo, inovação, esperança e progresso, que todos nós almejamos.
Aos que chegaram e precisam
de orientação e de uma palavra amiga, ela ser-vos-á dada, pois a união faz a
força.
Nesta sequência, temos o
intuito de promover uma maior abertura do NEA para o exterior, bem como uma
maior aceitação de estudantes africanos e afrodescendentes na associação
académica, especialmente a integração destes nos órgãos supremos da Escola. Não
nos esqueçamos que, antes das nossas origens, dos diferentes percursos de vida
de cada um, das nossas idiossincrasias, há algo de fundamental que nos une e
nos identifica – o vínculo da africanidade e da nossa alma mater, a Faculdade de Direito de Lisboa.
No que concerne à realidade
peculiar dos estudantes africanos e afrodescendentes da Faculdade, é hora de reflectir
– seriamente – na desnecessidade de demorarem mais anos, geralmente, a acabar o
curso, visto terem menos condições económicas, na sua esmagadora maioria, que
os colegas. Muitos, infelizmente, não dispõem de qualquer tipo de apoio estatal
ou familiar e são obrigados a trabalhar em condições extremamente precárias
para sustentar-se e custear os estudos. Chega mesmo a existir casos de
desistência do curso por razões económico-financeiras e, em certos casos, o não
retorno à Faculdade.
Para dar a volta a esta premente situação, que urge combater, contamos com a compreensão e o bom senso dos órgãos dirigentes da Faculdade, nomeadamente na flexibilização dos planos de pagamento das propinas, que até então têm sido uma ferramenta útil e essencial para que muitos possam prosseguir os seus estudos. Da nossa parte, e com o grado apoio dos corpos dirigentes, assim continuará a ser, desde que cumpridos de forma responsável pelos alunos, obviamente.
Apelamos, da mesma sorte, à
compreensão da parte dos docentes, para o diferente ponto de partida dos que
vêm para cá estudar, deslocados do seu país, da sua realidade, da sua parentela
e dos seus amigos. A tolerância para com eles deve ser mais larga e o
acompanhamento escolar mais estreito.
Nestes tempos de insegurança,
de incerteza, de inconformismo e de desânimo, ousemos falar e reivindicar. Tenhamos
consciência não só dos direitos, mas também dos deveres e obrigações: ajudemos,
apoiemos, questionemos, mas mais importante, saibamos escutar através do
exemplo, da boa conduta e da acção. Façamo-nos respeitar, pois como dizia um
velho provérbio africano – “se queres ir
depressa vai sozinho, se queres ir longe, vai acompanhado.” Portanto, o tempo
é de inclusão, não de exclusão. O tempo é de aceitação, não de rejeição, o
tempo é de compreensão, não de intolerância, o tempo é de todos, e não de cada
um. O tempo é nosso mas, acima de tudo, é vosso.
Estamos cientes da
responsabilidade que recai sobre nós, enquanto representantes de todos os
estudantes africanos e afrodescendentes da Faculdade de Direito de Lisboa,
pois, como tão bem um dia afirmou Churchill – “a diferença entre um demagogo e um estadista é que, enquanto o
demagogo governa a pensar nas próximas eleições, o estadista governa a pensar
nas próximas gerações”.
Deixar, igualmente, uma
palavra de apreço e agradecimento aos que, ao longo dos anos, têm contribuído para
o desenvolvimento do Núcleo e, em particular, à Direção cessante, na pessoa da
sua Presidente, Vânia Gentil, pelos esforços envidados na prossecução dos
interesses dos nossos associados. Termino agora, pois mais do que hora de palavras,
é hora de AÇÃO.
A todos vós, e em nome do
Núcleo de Estudantes Africanos, muito obrigado pela vossa presença.
Viva o NEAFDL!
Sem comentários:
Enviar um comentário